Ouço dizer que a máquina humana tem milhares de anos. Terá. Pois desmontá-la, convertê-la noutra, é tarefa perigosa.
Aquilino Ribeiro,Quando os Lobos Uivam
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Foto: Alina Maria Sousa
Esta antiga aldeia da margem esquerda do Guadiana foi sacrificada em nome do progresso. O enchimento da barragem do Alqueva obrigou à deslocação da população para uma nova aldeia, construída de raiz num ponto situado a uma cota superior.
Foto: Alina Maria Sousa
Vem esta lembrança da antiga Aldeia da Luz de uma reportagem que vi ontem na televisão.
Pelos vistos, os moradores não se sentem felizes, na nova aldeia. Dizem que perderam o espírito de vizinhança, se tornaram mais individualistas, perderam-se as manifestações culturais e as actividades recreativas, isto é... não se "sentem em casa". Por outro lado, muitos deles já se foram embora e parece inevitável uma futura desertificação.
Poderemos chamar progresso a actos que, parecendo justificáveis, cortam as raízes às pessoas, causando-lhe infelicidade e um sentimento de perda difícil de ultrapassar?
Não foi possível encontrar alternativas ou optou-se pelo mais fácil?
* ALDEIA DA LUZ: a saudade ...